Patrimônio tombado, a Unidade Básica de Saúde do Campo de Fora, localizada no Largo da Carioca, deve deixar de ser usada como posto de saúde na próxima semana para ser repassada, após os trâmites burocráticos, ao Colégio Policial Militar. Uma das justificativas para a mudança é que o prédio tem limitações por se tratar de uma construção antiga. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aponta, porém, que não foi consultado formalmente pela prefeitura sobre questões ligadas à adequação ou à manutenção do local.
O prédio foi inaugurado em julho de 1940 já como posto de saúde e passou por uma última reforma em 2018, quando foram investidos R$ 41 mil, sendo que meses depois parte do teto cedeu. Segundo a chefe do escritório técnico do Iphan em Laguna, Ana Paula Cittadin, “uma edificação histórica pode sofrer uma adaptação e é melhor que ela passe por essas adequações, mas que siga funcionando como posto de saúde”.
O órgão também divulgou uma nota sobre o tema em resposta a questionamentos que surgiram após a divulgação do projeto de mudança na segunda-feira, 7. De acordo com o Iphan, existem exemplos de outras edificações localizadas no Centro e integrantes da poligonal de tombamento que sediam espaços clínicos e sanitários, como laboratórios e consultórios odontológicos. “Nada impede que o posto continue funcionando no edifício”, diz o texto.
Na segunda-feira, em entrevista ao Portal, a secretária de Saúde interina, Silvana Vieira, ressaltou que a “estrutura física da unidade da Carioca não comporta mais uma unidade de saúde no local”. A unidade atende os moradores da região central e do Campo de Fora. A migração do posto está prevista para a próxima semana, quando os atendimentos vão ser levados para o prédio localizado ao lado da Rádio Difusora, no número 49 da rua Jerônimo Coelho, onde funcionou no passado o Centro Materno Infantil. Já o setor de Vigilância Epidemiológica vai para o número 25 da rua Barão do Rio Branco, numa casa histórica em que o Centro de Referência Especializado em Assistência Social também já fez uso até poucos meses atrás.
O prédio da Carioca tem projeto para sediar um memorial em homenagem a Jerônimo Francisco Coelho. O lagunense nascido em 1806 é considerado por muitos historiadores como o catarinense mais importante do século 19, definição que foi levada adiante por Norberto Ungaretti ao escrever sua biografia, obra lançada postumamente em 2019. Militar, Coelho foi ministro e conselheiro imperial e fundou o primeiro jornal de Santa Catarina no ano de 1831.
Edificada em 1940, desde sua construção a edificação ficou amplamente conhecida pela população lagunense como o “Posto de Saúde da Carioca”, de modo que todos os serviços relativos à saúde municipal podiam ser atendidos no local.
A edificação conhecida pela população como “Posto de Saúde da Carioca foi construída na década de 1940, desde então presta serviços relativos à saúde municipal. Está inserida na poligonal de tombamento do Centro Histórico de Laguna e possui nível de preservação 2.
Como qualquer outra edificação histórica ou não, necessita de manutenção permanente. Por ser uma edificação que é um patrimônio histórico nacional, precisa de cuidados específicos. Porém, os mesmos não inviabilizam a permanência da sede do posto de saúde naquele local. Vale enfatizar que muitas outras edificações históricas localizadas no centro atendem as demandas da vigilância sanitária e são estabelecimentos relacionados a saúde (exemplos laboratórios, clínicas, consultórios odontológicos etc). Nada impede que o posto continue funcionando no edifício.
O IPHAN não foi consultado formalmente pela Prefeitura de Laguna sobre a necessidade de obras de manutenção e adaptação da edificação. O Posto de saúde naquele local é importante para manter a vivacidade do espaço que é muito procurado pela população.