O desejo de estar diante dos famosos letreiros luminosos de publicidade na cobiçada área entre a Broadway e a Sétima Avenida, bem na região central de Manhattan, em Nova York, não é incomum. Improvável seria chegar ao local, mais de 8 mil km distantes, a bordo de uma Parati 1990. Foi justamente o que uma família de Imbituba fez. Gino Benvenutti, de 37 anos, a esposa, Thamara Naiane Raquel, de 35, e a filha mais nova do casal, Helena, de 10, são os protagonistas desta aventura que levou mais de 70 dias.
O patriarca confessa que planejamento não houve muito, entretanto inspiração não faltou. Motivado por histórias de viagem de carros, principalmente em Jesse Koz e o fiel escudeiro, o cão Shurastey, em um Fusca 1978, que partiram de SC rumo ao Alasca, mas morreram em um acidente já em solo norte-americano no final do ano passado. “Já havia feito algumas viagens de carro, mas essa foi especialmente pensada neles, então convidei minha esposa e minha filha e viemos”, conta.
Até onde o dinheiro levasse
O preparo maior, segundo ele, foi com o carro. “Compramos e levamos seis meses mais ou menos para deixá-lo pronto e equipado com o que precisaríamos”, revela. Financeiramente eles se apoiaram na venda do automóvel que a família possuía até então. “Os planos eram ir até onde esta quantia nos levasse. Nos jogamos na estrada e se acabasse, faríamos amizade com algum brasileiro, deixaríamos o carro e voltaríamos com os cartões de crédito e buscaríamos de volta o carro quando desse e conseguimos. Depois que chegamos nos Estados Unidos, a comunidade brasileira nos abraçou e foi por isso que conseguimos ir até Nova Iorque”, afirma.
O trajeto
De Imbituba eles foram para o Oeste de Santa Catarina, entraram no Paraguai e seguiram pelos demais países da América do Sul: Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia. Depois rumaram para a América Central, colocando a Parati num navio até o Panamá, aonde chegaram de avião e pegaram a Parati novamente em direção a Costa Rica, Honduras, Nicarágua, Guatemala, El Salvador e Belize quando chegaram na América do Norte. Primeiro no México e por fim Estados Unidos.
Ao todo foram 15 países percorridos e muitos desafios. “O carro quebrou algumas vezes, isso achamos que não chegaríamos. Na Argentina, nos perdemos no deserto, ficamos sem gasolina, achamos uma casa de uma senhorinha, num vilarejo no meio do deserto, onde conseguimos gasolina para seguir. Esse foi um dia bem intenso depois que saímos do deserto, no fim do dia, a fronteira para o Chile estava fechada, tivemos que acampar na estrada, passamos muito frio, tivemos que dormir juntos porque as cobertas não eram suficientes, praticamente não dormimos”, relembra.
Acolhida por brasileiros a família decidiu esticar a viagem e completar a Route 66. Atualmente estão em San Franciso e devem finalizar a aventura em julho, em Atalanta, na Geórgia. “Para nós foi uma realização, uma conquista, por tudo que enfrentamos. O sentimento de vitória é o mais impactante, é algo eu queria muito fazer na minha vida e fiz”, destacou. Toda a aventura pode ser acompanhada pelo Instagram: @precisamosveromundo