Uma reportagem publicada pelo g1 detalha que a Polícia Federal registrou a presença do tubaronense Lucas Esmeraldino, de um deputado federal eleito pelo Distrito Federal e um ex-diretor do Ministério da Saúde em encontros com um casal especializado em crimes de lavagem de capitais.
A descoberta, segundo o g1, foi feita durante a Operação Hefesto,
deflagrada no último dia 2, que investiga suspeita de fraudes em licitação e
lavagem de dinheiro em Alagoas por meio da compra de equipamentos de robótica
com verba federal.
Durante as investigações, segundo o g1, a Polícia Federal suspeitou
de transferências feitas por uma das empresas investigadas no caso e um dos
seus sócios para três empresas do casal Salomão. Entre setembro de 2021 e maio
de 2022, foram repassados mais de R$ 1,4 milhões para as empresas de Pedro e
Juliana.
Relatórios de inteligência financeira, feitos entre novembro de 2021 e abril de
2022, detalham que Pedro realizou nove saques em dinheiro das contas das
empresas que receberam os valores. Os saques variavam entre pouco menos de R$
38 mil e R$ 49 mil e somaram cerca de R$ 416 mil.
O relatório de inteligência destacou que "as transações sugerem indícios
de burla da destinação dos recursos" e a PF decidiu seguir Pedro e Juliana
Salomão. No relatório preliminar da investigação, a que a TV Globo teve
acesso, os policiais descreveram alguns dos encontros registrados.
Encontro no saguão do hotel
Em 23 de novembro de 2022, a PF teria registrado
visitas de Juliana a agências bancárias da capital federal e de Pedro a uma
lotérica da cidade. Os policias anotam que Pedro deixou a lotérica carregando
uma "pequena bolsa vermelha".
No dia 24, pela manhã, Pedro foi monitorado indo
até um hotel de Brasília. No saguão do local, ele aguardou até que dois
hóspedes se aproximassem e o encontrassem nos sofás do local. Segundo a Polícia
Federal, eram Cristiano e Lucas Esmeraldino, explica o g1.
Na época do encontro, Lucas ocupava o cargo de
secretário-executivo de Articulação Institucional do governo de Santa Catarina.
O posto é exercido na capital federal, e ele foi exonerado na troca de governo,
em janeiro deste ano. Cristiano é seu irmão mais velho.
Segundo a PF, "neste encontro é possível verificar que Cristiano abre sua mala e Lucas passa a fazer uma espécie de proteção corporal para ocultar algo que Cristiano manuseava. Após isto, Lucas sai do local com duas malas e uma mochila, embarcando-as no Ford Focus Azul com placa oficial do Governo de Santa Catarina", detalha a reportagem do g1.
O relatório também aponta que Pedro Salomão teria
se encontrado com Cristiano mais uma vez, no mesmo hotel, em 30 de novembro. Os
investigadores não identificam se algo foi entregue por Pedro Salomão aos
irmãos.
Por telefone, Lucas Esmeraldino negou à TV Globo conhecer Pedro Salomão e disse não se
lembrar do encontro. "Devem estar me confundindo com outro Lucas, com
outra pessoa", disse ele. "Eu não sei a vida particular de cada um,
cada um tem que dar conta do seu CPF. Eu dou conta do meu CPF e cada um dá
conta do seu", reforçou.
A matéria do g1 ainda relata ainda a ligação de Pedro com o
deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF) e com Laurício Monteiro Cruz,
diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde entre 2020 e 2021.
Investigações continuarão
A rotina de saques levou a PF a considerar Pedro e
Juliana Salomão "especializados na prática de crimes de lavagem de
capitais, ocultando e dissimulando bens, direitos e valores provenientes de
desvios de recursos públicos das mais variadas naturezas e oriundos de diversos
entes públicos."