Durante audiência de instrução da Operação Mensageiro realizada em Joinville na segunda-feira (5), delegados e policiais que trabalharam nas diligências falaram sobre a participação do prefeito de Pescaria Brava, Deyvisonn da Silva de Souza (MDB), no esquema de corrupção envolvendo a coleta de lixo em municípios do Estado. A defesa, porém, alega falta de provas e afirma que o réu é inocente. A investigação apurou que Deyvisonn recebeu R$ 15 mil no fim de 2016, antes mesmo de assumir a prefeitura, para beneficiar a Serrana Engenharia, mantendo os contratos vigentes, realizando aditivos e fechando novos contratos para a gestão de resíduos sólidos no município. Posteriormente, ele teria passado a receber R$ 3 mil por mês, pagos a cada cinco ou seis meses de forma “aglutinada”, explicou o delegado do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) Welliton Marlon Bosse em depoimento. Questionado pela defesa, o delegado informa que o prefeito de Pescaria Brava não foi flagrado recebendo propina. Porém, na casa do réu foram encontrados R$ 10 mil, além do nome da prefeitura constar na planilha de pagamentos que a Serrana mantinha para registrar os valores pagos de forma ilícita. A Serrana Engenharia mudou de nome durante as investigações da Operação Mensageiro, passando a chamar-se Versa Engenharia. Celular aponta encontro entre prefeito e ‘mensageiro’, diz MPSC. O policial civil Rafael Neto Duarte também conta que, apesar dos encontros não terem sido flagrados pois aconteciam esporadicamente, foi possível verificar que, em datas anteriores à investigação, o serviço de localização celular demonstrou a presença do “mensageiro”, colaborador da Serrana apontado como distribuidor das propinas, e do prefeito na região do bairro Mar Grosso, em Laguna, momento em que teria ocorrido o pagamento. O delegado Bosse também explica que a prisão ocorreu após a apuração de informações dos dados telefônicos do “mensageiro”. Dois telefones do prefeito de Pescaria Brava apareciam nos registros de seis dos 14 aparelhos celulares usados pelo homem apontado como pagador das propinas. Por ter fechado acordo de delação premiada com a Justiça, o investigado apontado como “mensageiro” tem o nome protegido por decisão judicial. O delegado do Gaeco Fabiano dos Santos Silveira afirma que estes telefones, dos quais foram feitos contatos com Deyvisonn, eram usados somente para pagamentos de propina. A localização dos celulares também informou que Deyvisonn esteve em três oportunidades em Joinville, e que teria se conectado a antenas próximo à sede da Serrana. No processo, a defesa pleiteia a nulidade da Operação Mensageiro e a nulidade de quebra de sigilo telefônico, e no mérito, a necessidade de improcedência da acusação, com consequente absolvição do acusado.