Uma vistoria realizada pelo Programa Saúde Mental em Rede, desenvolvido pelo Centro de Apoio Operacional da Saúde Pública (CSP) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), resultou na interdição de uma comunidade terapêutica em Gravatal, devido à constatação de uma série de irregularidades, inclusive com indícios de tortura e cárcere privado. Nesse mesmo local, um homicídio foi registrado no dia 7 de maio, quando um paciente foi morto por outro interno. Ao ingressar na comunidade terapêutica foi constatado, de pronto, que não havia no local qualquer funcionário ou pessoa responsável, apenas um monitor - que também era um acolhido da instituição - fazendo toda a gestão e organização do espaço e, inclusive, ministrando medicação para os demais acolhidos. Nos fundos do imóvel, foi encontrada a situação mais grave. Cerca de 15 pessoas, a maioria egressa do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Santa Catarina, estavam com a liberdade restrita, cercadas por uma grade e muros altos com arame farpado no alto. Logo ao primeiro contato com a equipe de fiscalização, os acolhidos passaram a relatar uma série de situações que podem configurar grave violação de direitos humanos. "As pessoas dentro desse espaço estavam privadas de liberdade, muitas delas machucadas, feridas, relataram sofrer maus tratos, tortura, privação de refeições como forma de punição e informaram serem proibidas de saírem da comunidade", conta o Coordenador do CSP, Promotor de Justiça Douglas Roberto Martins.