O eixo financeiro da organização movimentou mais de R$ 1,7 milhão durante o período eleitoral, com transferências bancárias entre empresas e pessoas físicas sem justificativa comercial aparente. A investigação constatou que um empresário realizou transferências que totalizaram R$ 734.964,24 para diferentes contas vinculadas ao esquema. Um aspecto crítico revelado pela análise financeira foi a incompatibilidade patrimonial de até 17.432% entre rendas declaradas e valores movimentados por alguns dos investigados. Em um caso específico, uma pessoa responsável pela parte jurídica da campanha declarou apenas R$ 2.600,00 à Justiça Eleitoral, quando na realidade movimentou R$ 302.540,00 no mesmo período.
👥 A ENGRENAGEM DA COMPRA DE VOTOS
O segundo eixo, de natureza operacional, caracterizou-se pela distribuição organizada de recursos em espécie e utilização de imóveis particulares como centros de operações. Os investigados elaboraram uma listagem com variados nomes de eleitores e empregaram técnicas de "smurfing" para evitar a fiscalização dos órgãos de controle, realizando saques de R$ 49.000,00, estrategicamente mantidos abaixo do limite de R$ 50.000,00 que exigiria comunicação obrigatória. As mensagens recuperadas dos aparelhos celulares apreendidos continham conteúdo inequívoco relacionado à captação ilícita de votos.
🏗️ MATERIAIS E FAVORES EM TROCA DE VOTOS
O terceiro eixo, de caráter material, operacionalizava a entrega de vantagens aos eleitores. Foi identificada a utilização de um caminhão para transporte e entrega de materiais de construção, incluindo aterro, brita e areia para residências específicas. O esquema também incluía o fornecimento de vales-alimentação que totalizaram aproximadamente R$ 6.000,00 através de um estabelecimento comercial local, além de promessas de serviços públicos como conserto de iluminação em determinadas localidades.
⚖️ CONCLUSÃO E INDICIAMENTOS
Após a conclusão desta complexa investigação, a DIC Laguna indiciou 14 pessoas pelos crimes de corrupção eleitoral (Art. 299 do Código Eleitoral), associação criminosa, e falsidade ideológica eleitoral (“Caixa 2”).
Entre os indiciados estão um empresário do ramo imobiliário e de mineração, um policial militar da ativa (lotado na Capital), um advogado com atuação na área eleitoral, um candidato a cargo no executivo municipal, um servidor público estadual, uma funcionária de estabelecimento lotérico, um motorista e diversos candidatos a vereador.
O inquérito policial agora será encaminhado ao Ministério Público Eleitoral para as providências legais cabíveis.
A Delegacia de Investigações Criminais de Laguna reafirma seu compromisso com a defesa da democracia e a lisura do processo eleitoral, trabalhando para garantir que nossa cidade seja governada por representantes legitimamente escolhidos pela população.
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