O nome das operações do Gaeco se multiplicam, Mensageiro, Limpeza Urbana, Travessia e, agora, Terra Nostra, mas o saldo é um tapa na cara da sociedade de Santa Catarina que se orgulha de ser ordeira e avessa à corrupção: 19 prefeitos presos, um vice e três vereadores, além de servidores públicos afastados e empresários detidos, em menos de dois anos, a partir de 8 de dezembro de 2022. Destes, apenas seis mantêm-se no cargo.
Nesta terça-feira (16), a Polícia Civil prendeu quatro pessoas, entre elas o prefeito Gustavo Cancelier (PP), de Urussanga, os vereadores Thiago Mutini (PP) e Beto Cabeludo (Republicanos) e um ex-servidor comissionado por supostamente atuarem em prejuízo ao erário na compra de dois imóveis superfaturados.
De acordo com o autorizado pelo Tribunal de Justiça, a 2ª Delegacia de Combate à Corrupção da DEIC, na segunda fase da operação Terra Nostra, investiga os crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, o uso indevido da renda pública e a contratação direta sem a devida licitação. Em março passado, uma busca e apreensão já foi feita na prefeitura no Sul do Estado e os advogados de Cancelier disseram que o prefeito nada teve a ver com a aquisição dos imóveis.
A lista de prefeitos detidos em Santa Catarina é grande, passa por 16 mandatários, um vice e um vereador na Operação Mensageiro, e três prefeitos, respectivamente nas operações Limpeza Urbana, Travessia e Terra Nostra. A coluna ainda aguarda a manifestação dos advogados do prefeito, dos vereadores e dos ex-servidor.
No último dia 10, o prefeito Ari Wollinger, o Ari Bagúio (PL), de Ponte Alta do Norte, renunciou ao cargo, o que deixou somente cinco prefeitos presos desde 2022 ainda no mandato, se considerado Gustavo Cancelier, de Urussanga. Na Operação Mensageiro, dos 16 prefeitos, um vice e um vereador presos, por supostamente receberem propina para manter os contratos com uma empresa de coleta e tratamento de lixo, somente três não perderam o mandato ou renunciaram.
Bagúio, preso com dois filhos e um secretário, em janeiro deste ano, na Operação Limpeza Urbana (desdobramento da Mensageiro), também foi investigado pelo Gaeco por suspeita de irregularidades no contrato de limpeza urbana do município, próximo a Curitibanos. Os filhos já conseguiram hábeas em março, mas o prefeito teve negado o benefício pelo Superior Tribunal de Justiça, na terça-feira (9).
O vice Rubens Bernardo Schmitt (PP) assumiu o cargo em definitivo, já que estava na função desde a prisão de Bagúio, investigado por associação criminosa, corrupção passiva e concussão.
No dia 24 de janeiro deste ano, a Operação Travessia, também do Gaeco, prendeu o prefeito de Barra Velha, Douglas Elias Costa (PL), mas por outro esquema de corrupção. Costa é acusado de desviar recursos públicos para a construção de uma ponte na cidade.
O episódio rendeu um fato curioso com efeito cascata: Douglas Elias foi afastado por até 180 dias do cargo pelo Tribunal de Justiça, dois dias depois da prisão, e o vice-prefeito Eduardo Peres (Republicanos) renunciou ao cargo. Coube ao presidente da Câmara de Vereadores, Daniel Pontes da Cunha (PSD), assumir a prefeitura interinamente.
Prefeito | Município | Partido | Situação |
Luiz Henrique Saliba | Papanduva | PP | Mandato extinto |
Deyvison Souza | Pescaria Brava | MDB | Renunciou |
Vicente Corrêa Costa | Capivari de Baixo | PL | Renunciou |
Marlon Neuber | Itapoá | PL | Renunciou |
Joares Ponticelli | Tubarão | PP | Renunciou |
Caio Tokarski (vice-prefeito) | Tubarão | União Brasil | Renunciou |
Antônio Ceron | Lages | PSD | |
Antônio Rodrigues | Balneário Barra do Sul | PP | Mandato extinto |
Luiz Carlos Tamanini | Corupá | MDB | Renunciou |
Luiz Divonsir Shimoguiri | Três Barras | PSD | Renunciou |
Luis Antonio Chiodini | Guaramirim | PP | Renunciou |
Adriano Poffo | Ibirama | MDB | |
Patrick Corrêa | Imaruí | Republicanos | |
Sesar Tassi | Massaranduba | MDB | Renunciou |
Adilson Lisczkovski | Major Vieira | Patriota | Mandato extinto |
Alfredo Cezar Dreher | Bela Vista do Toldo | Podemos | Renunciou |
Felipe Voigt | Schroeder | MDB | Renunciou |