A conclusão da investigação revelou que a causa dessas tragédias foi asfixia, decorrente da elevada concentração de monóxido de carbono no sangue.
O evento contou com a participação de representantes da Secretaria de Segurança Pública, Polícias Científica e Civil, além da Superintendência de Urgência e Emergência da Secretaria da Saúde.
De acordo com as autoridades, três das vítimas apresentaram mais de 50% de monóxido de carbono no sangue, enquanto uma delas registrou 49%. Esse elevado nível foi determinante para as quatro mortes, causando convulsões e tornando-se extremamente perigoso.
A Perita Criminal e bioquímica, Bruna de Souza Boff, esclareceu que, embora o monóxido de carbono seja inalado em ambientes abertos sem causar intoxicação, ele pode ser letal em locais fechados, sendo que acima de 40% já é geralmente suficiente para causar a morte.
A retrospectiva das mortes envolveu um trabalho integrado entre as autoridades, com 18 exames laboratoriais, a participação de 22 profissionais diretamente envolvidos e o trabalho de seis áreas técnicas distintas.
Os exames abrangeram o local do crime, análises laboratoriais, exames de engenharia no carro e exames médico-legais.
Os peritos constataram que as vítimas não apresentavam sinais de violência, e o ar-condicionado do veículo estava ligado a 27ºC no momento do acidente.
Adulterações na BMW
Entretanto, os exames mecânicos revelaram adulterações no veículo, incluindo alterações no catalisador, uma tubulação inadequada ligada ao escapamento, modificações na parte média do escapamento para gerar mais ruídos, alterações no silenciador e a presença de um chip de potência.
A investigação concluiu que houve uma adulteração no downpipe que é uma tubulação que conecta a saída do coletor de escapamento ao restante do sistema de escapamento.
Ele é projetado para direcionar os gases de escapamento para fora do motor e, eventualmente, para fora do veículo. Neste caso, o motorista optou por substituir o downpipe original por modificar o existente para melhorar o desempenho do veículo.
Segundo os peritos, essas modificações resultaram em vazamentos significativos de monóxido de carbono, levando às quatro mortes. O perito criminal Luiz Gabriel Alves de Deus explicou que as alterações tornaram o veículo mais barulhento e potente.
O diretor de medicina legal e perito médico legista, Fernando Oliva da Fonseca, ressaltou que os corpos apresentavam sinais de asfixia, e as manchas observadas indicaram intoxicação por monóxido de carbono. Os exames, incluindo testes de monóxido de carbono no sangue, confirmaram que os jovens morreram devido à substância.
A retrospectiva
Segundo a investigação da Polícia Civil de Santa Catarina, os jovens viajaram de Paracatu (MG) para Florianópolis, passaram o Natal na cidade e, na virada do ano (dia 31), foram para Balneário Camboriú.
Foi na cidade litorânea que passaram o dia na praia, comeram um cachorro-quente sem ingerir nenhum líquido, conforme relataram outras testemunhas.
Tiago de Lima Ribeiro, de 21 anos, estava ao volante do veículo e já havia passado mal no trajeto entre Florianópolis e Balneário Camboriú, manifestando náuseas. No entanto, como a distância percorrida era relativamente pequena, o jovem não permaneceu exposto ao monóxido de carbono por um longo período, o que não resultou em sua morte.
Responsabilidade
Segundo o Delegado-Geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, a BMW não será responsabilizada, pois foram feitas adulterações no veículo. Portanto, a investigação conclui que não se trata do carro original vendido pelo fabricante.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito ainda não foi concluído, mas está caminhando para o enquadramento em homicídio culposo devido às supostas adulterações feitas na BMW pelos mecânicos. Os supostos responsáveis serão ouvidos pela Polícia durante a investigação.
“Da forma como foi realizada, as modificações não são permitidas pela lei”, explica o perito criminal Luiz Gabriel Alves de Deus.