A câmera de segurança de um vizinho vai ajudar a esclarecer um possível infanticídio que aconteceu na madrugada do último sábado, dia 9, em Içara. De acordo com a Polícia Civil, nas imagens é possível ver o momento em que a mãe dá à luz a criança, na frente de casa, e acaba cometendo o possível crime. O delegado que estava de plantão na Delegacia de Polícia Civil, e atendeu o caso, Márcio Campos Neves, foi acionado por volta das 8 horas da manhã no Hospital São Donato, em Içara, para atender um possível infanticídio. Os colaboradores da unidade relataram que a criança chegou no hospital com os pais e apresentava lesões no pescoço, cabeça e estava suja de terra. Com suspeita que a criança havia sido agredida ou teria caído, o esposo da mulher foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil para prestar esclarecimentos do caso, sendo instaurado um inquérito. “A família disse que não sabia que ela estava grávida. O pai disse que ninguém sabia que ela estava grávida, tinha sobrepeso, teve um problema no passado de cisto no ovário, reclamava de dor, mas não ia ao médico. Em um primeiro momento disse que a criança nasceu quando ela estava em pé, caminhando para o carro, ele tentou segurar quando ela nasceu, mas a criança caiu e bateu a cabeça”, explica o delegado em entrevista ao jornalista Denis Luciano na Rádio Cidade em Dia. Com isso, a Polícia Civil acionou o Instituto Médico Legal (IML) para recolher o corpo da criança e precisou ir ao local onde aconteceu o fato para realizar a perícia. Chegando na casa da família, um policial verificou que havia câmeras de segurança na casa vizinha e solicitou as imagens. “A imagem mostra ela dando a luz sozinha, não mostra o pai que mentiu e teve que voltar na delegacia. Mostra ela caminhando para o carro, aparentemente com dor, dando à luz e em seguida pisando na criança, subindo em cima dela. Foi uma cena bastante impactante. Quero crer, o laudo que vai dizer, que ela estava em estado puerperal, que é uma alteração fisiopsíquica que acomete grande parte das gestantes durante ou após o parto, e isso faz com que ela não esteja bem psicologicamente e fisicamente, e acaba fazendo esse ato por influência desse estado puerperal”, relata Neves. O caso teria ocorrido pouco depois da meia-noite de sábado, dia 9. A Polícia Civil começou a atuar durante a manhã e como o caso não foi atendido como um flagrante e a mãe ficou internada, ela não foi presa em flagrante. De acordo com o delegado, agora estão sendo realizadas as investigações para apurar o caso. “A partir disso, existe a possibilidade de ser um infanticidio, homicídio ou, em determinado grau de estado puerperal, pode ser considerada inimputável. Tudo isso vai ser avaliado a partir de hoje pela Delegacia de Içara. Caso não confirmado o infanticidio, ela poderá responder por homicídio qualificado com prisão de 12 a 30 anos de reclusão”, frisa o delegado.