Na segunda-feira (29), uma operação da Polícia Civil de Santa Catarina e Rio Grande do Sul prendeu 30 suspeitos de aplicarem golpe dos nudes em diversos estados do Brasil. Além das prisões, a ação nomeada Operação Cantina bloqueou contas bancárias, apreendeu bens e valores em espécie da organização criminosa. Conforme o delegado Rafael Liedtke, a operação ocorre simultaneamente em Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Tramandaí, Imbé. Em Florianópolis, acontece nos bairros Ingleses e Carianos. Ainda segundo o delegado, as investigações iniciaram há cerca de onze meses, época em que policiais da 2° DIN/DENARC efetuaram a prisão em flagrante de um homem em Cachoeirinha. Com ele, foram encontrados uma pistola Taurus, G2c, calibre 9 mm e um veículo Mercedes-Benz, avaliado em R$160.000,00, além de aparelhos de telefonia celular. Apenas no período investigado, o grupo fez pelo menos 80 vítimas, em 12 estados brasileiros, e movimentaram cerca de R$ 450 mil.
Entenda o crime
O grupo contatava homens com posses passando-se por mulheres muito jovens e que se diziam menores de idade, utilizando-se de perfis falsos em redes sociais, até a oportunidade em que conseguiam fotos das vítimas nuas ou seminuas. A partir de então, as lideranças iniciavam uma série de graves extorsões, passando-se inclusive por delegados de Polícia do Rio Grande do Sul. O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os integrantes da organização. Para a produção do material, os homens também aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças. Na segunda etapa, o esquema consistia na obtenção da vantagem econômica, realizando a receptação do produto dessas extorsões por pessoas também aliciadas pela organização (‘laranjas’, que emprestavam contas e CPFs para depósitos bancários).
Esses “laranjas” eram remunerados pelas lideranças da organização e recebiam ordens para, posteriormente, pulverizarem o dinheiro entre os demais membros do grupo criminoso, remunerados de acordo com sua contribuição, até que a maior parte dos lucros obtidos retornasse para os responsáveis pelas extorsões. Os líderes, uma vez na posse das maiores quantias, sustentavam luxos, adquirindo veículos de procedência estrangeira, inclusive efetuando pagamentos à vista, além de realizarem gastos com viagens caras e com compras de terrenos e imóveis.