Pai e filha que estavam hospitalizados por complicações causadas pela dengue morreram com apenas 18 minutos de diferença em Joinville, cidade mais populosa de Santa Catarina e que sofre com uma epidemia da doença. O estado decretou emergência epidemiológica em 22 de fevereiro.
Os aposentados Francisco Jatczak, de 95 anos, e a filha Teresinha Jatczak, de 67, estavam internados em hospitais diferentes e morreram às 20h30 e 20h48 de segunda-feira (26), respectivamente, conforme declarações de óbito das quais o g1 teve acesso, nesta quinta (29).
Conforme os documentos, assinados por médicos, Francisco morreu em decorrência da dengue, assim como a filha Teresinha. Ela, no entanto, também teve outras condições associadas à morte, como insuficiência cardíaca, taquicardia ventricular e pneumonia bacteriana.
A neta do idoso, Tatiane Dorneles de Paula Karpinski, que também é sobrinha de Teresinha, disse que os dois moravam juntos e começaram com sintomas cerca de 15 dias antes da morte. Eles sentiram dor no corpo, febre e cansaço extremo.
A tia foi para a unidade hospitalar da Unimed em 15 de fevereiro. Já o avô foi levado ao Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, da rede pública, dois dias depois.
Segundo a prefeitura de Joinville, que monitora as mortes pela doença, sendo o município com mais casos de dengue registrados no estado (veja mais abaixo), a investigação epidemiológica sobre as causas das mortes não tinha sido concluída até as 9h35 desta quinta-feira.
Família unida
Francisco morava com a esposa e a filha Teresinha em uma casa em Joinville. A história deles, segundo Tatiane, é “cheia de detalhes, com muito amor envolvido e caridade”.
“Minha tia nunca se casou, nunca teve filhos. Doou 100% da sua vida a cuidar do pai e da mãe, um exemplo de mulher. Bondade e amor brotavam do coração dela, transbordava caridade, sempre ajudando os outros”, declara a sobrinha de Tere, como era conhecida pelos familiares mais próximos.
Tatiane, que perdeu a mãe há 16 anos, também viu em Terezinha um carinho materno. “Mas a vida dela foi dedicada a cuidar dos pais”, informou.
“Éramos muito próximos. Desde que nasci convivo com eles. […] Neste momento de dor, só Deus para confortar nosso coração, que está dilacerado”, afirmou.
Santa Catarina tem mais e 29 mil casos prováveis de dengue, segundo dados retirados do painel da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) na manhã desta quinta-feira.
Só em Joinville, onde ocorreram as mortes, são quase 11 mil ocorrências, concentrando 37% dos casos no estado. Das 11 mortes confirmadas em Santa Catarina, oito foram na cidade (72%).
O município foi o primeiro do estado a começar a vacinação contra a dengue, no sábado (24), após o envio de doses pelo Ministério da Saúde. O público-alvo são crianças de 10 e 11 anos.
Um levantamento da Dive sobre a presença do mosquito Aedes aegypti mostrou que 47 municípios de Santa Catarina apresentam alto risco de transmissão de dengue.