Andrade Gutierrez e Odebrecht, hoje Novonor, construtoras envolvidas num dos maiores escândalos de corrupção do País, estão de volta à refinaria que foi pivô da Operação Lava Jato. As duas empresas, que eram as maiores do País, estão entre as vencedoras da licitação para as obras de complementação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). A construção deve ter início no segundo semestre deste ano. Procurada, a Petrobras não respondeu até a publicação da reportagem.
Desde a Lava Jato, operação que desmontou o esquema de corrupção em obras da Petrobras, as companhias viviam uma seca de grandes projetos. Até o ano passado, a Odebrecht, por exemplo, estava proibida de participar de licitações da petroleira. A Andrade foi liberada em 2017, mas essa é a primeira obra desde o escândalo.
O Estado apurou que a Consag, empresa da Andrade Gutierrez que atua no mercado privado, venceu dois lotes, o A e o B, cujos valores são da ordem de R$ 3,7 bilhões. A Tenenge, empresa da Novonor (antiga Odebrecht), também ganhou três lotes (C, D e E), mas as cifras são bem maiores, acima de R$ 5 bilhões. Procurada, a Andrade não comentou e a Novonor, não respondeu.
As obras se referem à ampliação da Rnest, chamada de segundo trem. Os investimentos vão elevar de 100 mil para 260 mil barris por dia a produção de diesel S10, que tem menos emissões de poluentes. O projeto, que prevê criar até 30 mil empregos diretos e indiretos, tem o objetivo de trazer autossuficiência do combustível para o País e foi aprovado no ano passado pelo Conselho de Administração.
Hoje a Rnest é responsável por 6% da capacidade de refino da Petrobras e 15% de toda produção de S10 da empresa. O plano da empresa é concluir as obras até 2028. A Refinaria Abreu e Lima tem um histórico de corrupção desde o 1º mandato do governo Lula chegando até a administração de Dilma Rousseff.